quarta-feira, 26 de novembro de 2008

PASSEIO A ALMOFARELA, MARCO DE CANAVESES





Podem disfrutar de mais uma bela prosa do nosso Director-executivo, relativas à secção de moto-turismo gastronómico:

Hino da Alegria na Tasquinha do Fumo
24-11-2008

Meia centena empanturrada em Almofrela

Cada caso é um caso, cada ida do MC Porto a Almofrela é uma festa. Principalmente depois dos aperitivos estarem à disposição nos balcões típicos da loja desta casinha tradicional, escondida na serra da Aboboreira, entre Baião e Marco de Canaveses.




Esta mais recente subida a Almofrela, no domingo 23 de Novembro, foi a terceira organizada pelo MC Porto em menos de um ano. As inscrições esgotaram rapidamente, a caravana foi comprida e disciplinada e coubemos os 50 à justa no andar de cima da Tasquinha do Fumo, graças ao fabuloso sol que permitiu esticar a mesa para a varanda granítica. Mas que festança! Não sabemos quando será a 4ª ida a Almofrela. Mas contem com ela em breve pois clientela não falta.





Percurso a dois tempos




A previsão de bom tempo entusiasmava, o relato dos almoços anteriores também. E num instante a lista de inscritos teve de levar a palavra Esgotado, pois a sala da tasquinha é limitada, facto que até é bom pois dá-lhe o tal ar puro e característico que tanto apreciamos.

E à hora marcada, a caravana arrancou da sede, para a curta e fácil ligação ao Marco de Canaveses. De registar a falha dos organizadores que aqui se penitemciam: não conseguimos ligar a máquina de café a tempo e a malta ficou um pouco para o desconsolado. Pela positiva, tivemos alguns sócios a chegar de longe. Para além do Pompeu, que vem sempre de Braga, a Delfina Brochado tinha acabado de aterrar vinda de França, cheia de calor, pois em terras gaulesas o chão estava gelado. Mas o homenageado do passeio era o “angolano” Adriano Moreira. Que saudades. Nem vinha tostado nem com sotaque de Luanda. Mas com muito que contar.
E no ritmozinho da nossa nova motociclista Fátima Jesus lá fomos engrossando a caravana até à terra da Carmem Miranda, a freguesia de Várzea de Ovelha e Aliviada. Aí começou a segunda parte do itinerário, agora sim, rebuscado e turístico. Pelas margens do Tâmega, entre calçadas, carvalhais e cores outonais, os motociclistas dividiram-se para não obrigar as condutoras menos habituadas a descer o estradão não pavimentado à Ponte do Arco, monumento românico sobre o Ovelha e de trânsito permitido apenas a motociclos!


Fez-se aqui a primeira paragem, bem aproveitada pelos mais amantes da natureza e património. O quadro estava belíssimo. Apreciem as fotos do Zagallo, quando estiverem disponíveis no fundo desta notícia.



Meia hora depois, os motociclistas, já todos reunidos, iniciaram a subida da serra da Aboboreira, o tal último refúgio do lobo ibérico no distrito do Porto. O panorama estava limpo e longínquo. O estradão, também em terra, sobe-se muito bem, entre giestas e alguns carvalhos. No cimo passa-se ao largo da aldeia de Aboboreira e pouco adiante surge-nos Almofrela, onde as motos se distribuiram por todos os cantos vagos do casario granítico.




Há novidades. A aldeia já tem informação turística pois está incluída em recente trilho pedestre. Percurso que só falta entrar na loja da Tasquinha do Fumo por uma porta e sair pela outra. O “parque de estacionamento” da tasquinha está mais amplo, sendo agora óptimo para o jogo da malha. E a D. Isabel e Sr. Artur Soares corriam afanosamente para nos prepararem tudo, pedindo-nos mais cinco e mais dez minutos. E mais cinco...


Cabritada cantada



O apetite foi aumentando mas ao sol estava-se bem. Ao som das malhas a bater nos pinos, curtiam-se espigueiros, senhoras da aldeia, conversa para aqui e conversa para acolá. E quando, quase pelas treze, o Sr. Artur nos piscou o olho, a marabunta atacou os balcões típicos da loja, entre pipos, canecas e sinos e sob as cebolas ao dependuro. A alheira, presunto, cebola em vinho, pão, azeitonas e chouriça voava em direcção aos 50 estômagos famintos. Tudo regado essencialmente a verde branco e palhete, de estalo. Num instante já se cantava e as boas cores apareciam nas bochechas rosadas deles e delas.



Com os aperitivos já se ficou muito bem, o que até deu jeito para a espera que o cabrito – para meia centena não é fácil – saísse do forno. Novo piscar do dono da casa e o desorganizador anunciou pomposamente da varanda o segundo sinal de ataque. Num ápice a querida sala de cima encheu com 40 almas, tendo às restantes sobrado outra minúscula sala contígua e a ensolarada varanda virada para os carvalhais e campos. Esteve-se muito bem nos três locais, todos eles com aspectos positivos. A sala é pequena mas do mais típico que pode haver. A outra tinha muita comidinha para os casais que lá ficaram e que curtiam tanto com os sócios de um lado como com os do outro. E na varanda a comida até parecia saber melhor, com a pureza do ar a 760 metros de altitude.



As travessas foram chegando e esvaziando. “Verdes” para começar, cabritada para continuar, pêras bêbadas para terminar. Bem regado e melhor cantado e animado. Na sala maior ainda não tinha chegado a comida e já havia coro a debitar o cancioneiro popular. Mas que galhofa! E na varanda, alguém com dotes de Amália entoava “casas branquinhas, ruas estreitinhas...”. Era impossível estar-se 10 segundos sério. Depois de grande borga em Dezembro de 2007, com direito a rancho e recepção por parte do MC Baionense, depois de uma ida fria e chuvosa mas de grande calor humano com destaque para o Domingos Cruz no invernal domingo de 13 de Abril, esta terceira ida a Almofrela estava a ser bem diferente mas espectacular. Não sabemos quanto tempo estivemos à mesa, o que cantamos, o que batemos nos tachos e testos. Mas sabemos que foi muito bom e que brevemente regressaremos a esta aldeia sem acessos pavimentados.



Contabilidade na carroça e sopa de nabos
A conta final dividiu-se por todos, com a carroça a servir de balcão bancário e tirou-se a foto obrigatória aos afortunados que viveram este passeio do clube. O Jorge Monteiro hipnotizou umas galinhas (!), animal de grande estima do Zé Fernando que se consolou de passear um galináceo. A D. Isabel aproveitou o osso do ex-presunto e presenteou ao ar livre os convivas com um pote de sopa de nabos, caldo que aqueceu os gargomilhos de todos os que quiseram pois o sol começou a descer rapidamente, ao mesmo ritmo da temperatura. Um cavaleiro apareceu. Os outros, em duas rodas em vez de quatro patas, desapareceram. Despedidas sentidas, abraço para aqui, aperto para acolá e cada um foi descendo a serra para o lado de Baião, caminho mais fácil e rápido. A “caravana” final, de oito casais nas respectivas motos, fecharam o cortejo para um calmo regresso à Invicta.

Muito obrigado a todos pela alegria.


Fotos do Graciano, Zagallo, Arminda e Ernesto em breve. São muitas e boas. Se quiserem já ir espreitar o albúm do “Zé galo”, tomem lá: http://jzagallo.no-ip.com/mcp-almofrela


Posted by Nestov

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