sexta-feira, 17 de julho de 2009

A MALTA DO MOTO CLUBE DO PORTO É QUE SÃO UNS GRANDES MORCEGÕES




18ª Morcegada nostálgica até no vencedor
13-07-2009

MCP reviveu noite de 92 em que Zagallo foi novamente o mais regular

Há já uns anos que não se exigia tanta resistência aos participantes da “Morcegada” do MC Porto como nesta edição. Talvez sentindo isso, os menos rijos ficaram em casa aparecendo apenas os tesos. Eles e elas. E assim a 18ª edição dos Morcegos Henisa – MC Porto foram para a estrada na madrugada de domingo, 12 de Julho, partindo da Marina do Freixo à meia-noite em ponto e terminando na bem conhecida aldeia de Almofrela, pelas 6 da manhã. Pelo meio revisitou-se a gruta junto a Campanhó, na serra do Alvão, onde tudo começou em 1992.

Foi um passeio nocturno para apreciadores, longo de 200,7 km, com 37 motos inscritas e um total de 50 participantes a que se somaram 12 patifes na desorganização e malandrices noctívagas.

Para melhor entenderem o espírito que presidia a esta noite, retiramos as linhas iniciais da primeira das 11 páginas do ilustrado road-book: “Sabias que os “Morcegos” nasceram dentro do Moto Clube do Porto entre a rapaziada do Enduro, que se divertia a dar umas voltas à noite, de modo informal? Nessa altura, os actuais sócios 42 e 67 (Ernesto e Pedro Delerue) descobriram uma gruta em Campanhó, serra do Alvão e quiseram-na dar a conhecer num passeio nocturno, mas de estrada e de forma organizada. Nasciam assim os “Morcegos” como conheces hoje e que, nas primeira edições juntava no final alguns entusiastas do Enduro, chegados pelo monte. E assim a primeira “Morcegada” - começada no 6º Aniversário, num restaurante perto da Areosa - terminou nesta tal gruta com morcegos a sério.
Como não havia computadores para classificações, a nossa experiência era nenhuma, e não existiam autoestradas, chegamos ao Porto à hora do almoço... Em 1993, a mesma rábula.
Terminamos no S. João de Arga e fomos tomar o pequeno-almoço a Caminha. Entregamos os prémios em Matosinhos e chegamos a casa outra vez ao fim da manhã. Em 1994 terminamos em pleno Parque Nacional do Gerês. E lá viemos a dormir em cima da moto. A partir daí terminamos todas as edições o mais perto possível da Invicta de modo a minimizar o cansaço dos participantes. Nos anos seguintes até arranjamos grutas a sério na serra de Valongo...”
Desta forma, no meio da pessegada que era o acesso à Marina do Freixo, cheia de outro tipo de noctívagos, o MC Porto deu partida, de minuto a minuto, às 37 motos cujos condutores e muito passageiros aceitaram o desafio de rolar até ver nascer o sol.
Tongóbriga, Ovelha e Amarante para começar

O percurso começou pelas muitas curvas até Entre-os-Rios, Torrão, Alpendurada e Marco de Canaveses. Aí, nas ruínas de Tongóbriga, o Modesto Correia tirava os tempos aos mais habilidosos numa curta corrida dos lentos. Os mais equilibrados até saíam de lá com bonificações, num cenário com 2000 anos. O Tiago, de Vespa, até conseguiu dar a volta no curto percurso.
O road-book tornava-se interessante. Havia monumentos a vistoriar, a Casa dos Arcos, a Igreja Românica de Tabuado e a ponte da Várzea, sobre o rio Ovelha. Uns iam respondendo às questões, outros limitavam-se a seguir as motos da frente, sem saberem se estavam perto de Amarante ou se de Arouca. A Pacific Coast do Osvaldo grilava e este foi a casa num instante (em Recarei!) para aparecer de novo com a Paula num side chinês...
Em Amarante, muitas referências às batalhas vividas há precisamente 200 anos. É que em 1809, a então Villa de Amarante fui palco de heroísmos e sangrentos confrontos com as tropas napoleónicas. E os motociclistas iam curtindo. Com ritmos diferentes, sós ou em pequenos grupos, atiraram-se à sinuosa 210, muito lenta ao longo do Tâmega e rumo a terras de Basto. O relógio já tinha dado as duas há muito quando passaram a Celorico e Mondim. Mais uma paragem em vetusta ponte sobre o Cabril e há que subir para o Alvão.
Nunca mais ganhamos juízo

Mas sobre o Olo, já fora das nacionais, aparece o Nuno Feliz de cronómetro, rádio e apito. “Meus amigos, tem aqui uma prova de regularidade. Um a um, tem de percorrer os próximos 2 km em 4 minutos. 3, 2, 1, Já!” gritava o controlador com o canal aberto do rádio para que o controlador a meio da serra pudesse cronometrar também a partida. E lá iam eles, sós, na escuridão do Alvão, concentrados nos manómetros da moto quando... AAAARGH!! lhes saltava uma carantonha da vegetação! Os veteranos nestas coisas – que já sabem o que a casa gasta – íam a prever serem atingidos, bombardeados, pranchados ou outra coisa qualquer. Mas felizmente nos Morcegos há sempre caras novas. Berros, ziguezagues, acelerações ou travagens e segundos sem respirar foi mato. Mato que nunca chegou a levar com uma moto despistada pois estava tudo controlado. Nunca mais ganhamos juízo. No silêncio do Alvão, às 3.30 da madrugada, desconfiamos que os berros do monstro eram ouvidos em Paradança, a uns 2km em linha recta, do outro lado do vale.
Reviver a gruta de 1992

Mas havia mais. Quase a 1000 metros de altitude, a papelada mandava parar novamente pouco após a aldeia adormecida de Campanhó. As motos entraram por um prado e depois de estacionadas, os participantes seguiram carreiro iluminado por velas de cemitério. O local é fabuloso, mesmo de noite. A lua, quase cheia, fazia prescindir a necessidade de lanternas. Mas que noite. Suave e amena, com uma visibilidade longínqua naquele cimo. Cinco estrelas. Cinco não. Eram milhares no céu.E para onde nos levavam as velas? Para uma gruta natural, de bocarra assustadora e fria, onde o Carlos Ruivo e Cuarlos recebiam as respostas em troca de cafezada. Um mimo! Em 92, os primeiros “morcegos” a lá entrar foram o Vasco Lima e o seu filhote, o pequenito Hugo. Hugo que hoje é um matulão a aparece nos eventos do MCP de namorada e KTM...

Madrugada fabulosa no Alvão

Foi momento para recordar. Iniciava-se então o regresso pelo Alto do Velão, onde Zé e Alice obrigavam a um tira-teimas na corrida dos lentos. É que foi aí que se fizeram os desempates finais em 1992. O sol começava a nascer para muitos. Os que o viveram no cimo da serra não esquecerão tão cedo os cumes – onde pontificava a Sra da Graça – entre as neblinas dos vales. Que poster! Solidários com os condutores de ritmo mais calmo, o Ismael e Arnaldo lideravam grupo de 9 participantes que de tão atrasados já nem conseguiam chegar a tempos dos jogos e partidas.

As setinhas dos road-books ensinavam o caminho para o final. Campeã, Viariz da Poça, a N15 pelo Alto do Espinho, Pousada e obras do túnel do Marão. Depois Basseiro, Bustelo, Alto do Carneiro e Baião. O Miguel Soares deixava a V-Strom na berma pois a gasolina já tinha secado completamente. Alguns participantes colavam-se aos organizadores para chegarem sem sobressaltos ao final. E começava a subida final à serra da Aboboreira e sua pérola, a Tasquinha do Fumo.

Almofrela non-stop

Chegado à hora prevista para receber os primeiros aventureiros (5.35h da madrugada) o Sérgio Correia deparou-se com um cenário idílico de... vale de lencóis. Cansados por terem recebido clientes até tarde, os nossos anfitreões Artur Soares e D. Isabel, ainda descansavam um sono merecido. Mas num instante começaram a preparar tudo, nesta iniciativa que para eles também foi estreia. Deram de comer a 59 pessoas ao nascer do sol! O forno a lenha começou a receber bolos típicos. O presunto, chouriça e queijo foram sendo fatiados e 150 pães fresquinhos – ou quentinhos – apareceram vindos da padaria. E também foram aparecendo os ensonados participantes. Uns, finos, jogaram à malha para espantar a moleza, como os Fernandos Teixeira, o Boaventura e amigos. Outros, ou outras, deixaram-se cair no sono. As aves dadas à altitude (Almofrela está a 760 metros do nível do mar) já cantavam alegres. O ambiente é mesmo bom. E com a chegada da penúltima leva de motociclistas e desorganizadores, como coincidiu com a finalização do pequeno-almoço, deu-se ordem para atacar. O presunto estava divino e o espadal ainda melhor. Todos aqueles que não quiseram aproveitar o espaço – ou por alguma razão não podiam – ficavam a sumos. As carnes, queijos e pães desaparareceram rapidamente. Os nove elementos finais chegaram e a festa ficou completa. Os bolos caseiros e os da Teixeira também marcharam e se o sono já era muito antes do repasto, com este quebranto é que ficou pesado. As classificações foram feitas rapidamente sob cebolas e junto às pipas. Com pompa e circunstância, foram ditadas e realçando a resistência de todos. Normalmente pelas 7.00h já está tudo a caminho de casa, junto ao Porto. Mas a alegria de todos imperava. O sol já aquecia e a Tasquinha do Fumo dispõem bem. Os participantes levaram todos o Diploma mas também o “Plano da Pólvora” do evento, mapa do percurso com as patifarias detalhadas, esquema que pela primeira vez se distribuiu por todos.

Vinhaça para os mais certinhos e palmas para os solidários

Tivemos 3 senhoras a conduzir: a Joni, a Teresa Marinho e a Carla Silva. A Carla ficou precisamente em 2º lugar após todos os controlos horários, corridas dos lentos e 10 perguntas feitas na escuridão da noite. Em terceiro tivemos o xadrezista Raúl Pinheiro, que tal como a Carla levaram uma rica garrafa de espadal. A terceira garrafa seria para o mais regular. E aqui está mais uma surpresa. Numa noite nostálgica em que andamos a revisitar os locais e momentos da 1ª edição, o vencedor é o mesmo de 92! O João Zagallo, de novo numa CBR 600! Ele há coisas...
Foto de grupo tirada, despedidas feitas e a comandita desenfiou-se serra abaixo. Havia quem fosse trabalhar. Não sabemos bem como. Alguns desorganizadores e participantes, de colchão em punho, queriam ficar para um ripanço. Mas não é que o nosso conhecido Pedro Bianchi Prata montou um TT para o “nacional” de Enduro que iria barricar as estradas em redor de Almofrela das 9 às 14h? Que remédio tivemos nós senão vir embora contrariados... Estava-se tão bem na serra...

As fotos incluem também os locais visitados e fotografados de dia. Se algum participante tiver fotos do evento, agradecemos o envio pois não conseguimos estar em muitos dos locais durante a passeata. Obrigado.


Posted by Nestov





FOTOS SELECIONADAS:












































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