quarta-feira, 12 de agosto de 2009

ANÁLISE AO CAMPEONATO NACIONAL DA 1ª DIVISÃO, POR JOSÉ PADEIRO

Foto: Equipa da Academia de Xadrez de Gaia, Campeã Nacional da 1ª Divisão por equipas.





Análise ao Nacional da 1ª divisão





O campeonato da 1ª divisão teve um vencedor prevísivel. A equipa de Gaia apresentava claramente o melhor lote de jogadores e muito dificilmente poderia deixar escapar o título. A grande questão é saber se esta vitória representa ou não evolução na modalidade. Enquanto que, nos desportos colectivos a posse de melhores jogadores que os adversários directos não é garantia mínima de sucesso, porque são necessários outros factores como treino colectivo e entrosamento entre os elementos, no xadrez tal não existe devido a ser um desporto individual.






Se por absurdo uma das equipas me concedesse a quantia de 200 mil euros, com o objectivo de fazer uma equipa campeã, não seria necessário ser um gestor de topo para angariar elementos que satisfizessem tal pretensão. Outra questão importante é discutir se será ou não moralmente correcto ou contribui para o desenvolvimento do xadrez nacional a apresentação de equipas maioritariamente formadas por jogadores estrangeiros que basicamente só aparecem no nosso país nesta altura do ano. Ironicamente ou não, as duas equipas formadas pela maior parte dos melhores jogadores nacionais foram as grandes desilusões da prova. Aliás na relação qualidade/ rendimento o Diana de Evora foi claramente a mais penalizada, visto que seria a única equipa com qualidade suficiente para poder ombrear com a equipa gaiense em todos os tabuleiros. Em contrapartida a equipa dos Ferroviários foi a grande surpresa. Admitindo as suas limitações , inverteu a ordem normal da equipa e juntamente com o privilégio de contar nas suas fileiras com uma jovem promessa permitiu um 2º lugar tão surpreendente quanto justo! Para terminar a ideia é estranho ver por exemplo a equipa do Elvas e não conhecer nenhum dos jogadores.






Na zona de descida estava o retrato do verdadeiro xadrez português. De pior qualidade seguramente, mas mais emocionante e jogado com maior amor à causa. A partida para a última ronda uma das 3 equipas mais portuguesas seria obrigada a descer ( Dias Ferreira, AMAS e Mata e Benfica), calhando essa triste honraria à equipa do berço da nação, com muita emoção e drama à mistura.











Na minha opinião para 1ª divisão ser um espelho fiel da realidade do xadrez nacional seriam necessárias algumas mudanças:
- Voltar ao modelo de 10 equipas; E condição necessária para dar maior credibilidade à prova. Existiram demasiadas faltas de comparência individuais nesta prova.
- Metade dos jogadores serem obrigatoriamente portugueses.
- Obrigatoriedade dos jogadores estrangeiros efectuarem determinado número de partidas lentas em solo português.A questão agora é saber se os dirigentes estão mais preocupados com os seus interesses pessoais, ou numa visão mais colectivista, que exista uma evolução continuada da modalidade no nosso país.



Posted by José Padeiro.
Photo by Afonsov


1 comentário:

Vitor disse...

Ora cá está uma excelente análise, feita por uma pessoa que compreende muito bem o que se passa no xadrez nacional.