Bandeira do nosso clube levada com sacrifício e vontade pelo Luís, Fernando e Nuno
O Moto Clube do Porto tem um universo de sócios enorme, diversificado e com valor.
Alguns não nos param de surpreender e, mais uma vez, é um gosto enorme partilhar a aventura do Luís Silva, Fernando Varanda e Nuno Seabra, nossos sócios e bombeiros de profissão que, juntamente com mais cinco colegas de profissão e um nono amigo foram tentar alcançar o Pico do Aneto, ponto mais alto dos Pirenéus, na semana de 9 a 15 deste Novembro.
Esta estória não mete motos mas tem interesse. O Luís, habitual voluntário nas provas de atletismo, já nos tinha dito que logo a seguir à Maratona do Porto arrancava para os Pirenéus, à semelhança do que já tinha feito com o mesmo grupo de amigos há uns tempos nos Picos da Europa. Sabendo da qualidade das escaladas desta gente, pedimos para nos enviarem fotos dos cumes.
E o Luís mandou.
São locais onde não conseguimos chegar de moto pelo que só mesmo carregados de material, roupa quente, picaretas, muita preparação física e espírito se alcançam.
A escrita passa agora a ser do nosso Bombeiro Sapador de Gaia com alguns acrescentos do MCP:
Discurso directo do alpinista-bombeiro-motociclista
Olá! A rapaziada já chegou dos Pirenéus.
(MCP: A pequena vila espanhola de Benasque é praticamente fim da linha e já está encravada entre os mais altos cumes pirenaicos. Fica ao meio da cordilheira, junto ao túnel de Vielha, tendo Bagnéres-de-Luchon do outro lado da fronteira. Aí encontra-se uma “escola de montanha” onde os nossos amigos aperfeiçoaram técnicas de escalada).
No segundo dia, leves e de capacete, escalamos as “vias ferratas” Del Castellano com 280 metros e a de Sacs com 550 metros de altitude.
(MCP: apesar dos degraus metálicos colocados nestas imensas paredes e que se podem ver nas fotos, a ascenção é difícil, cansativa e requer cuidados. Quase no cume o Luís bem pode agradecer à corda que o suportava).
Já no dia seguinte, de mochilas às costas, saímos da escola de montanha de Benasque em direcção ao refúgio de La Renclusa que fica a 2.140 metros de altitude a caminho do ponto mais alto dos Pirenéus que é o Aneto.
(MCP: o Aneto é o ponto mais alto do maciço de Maladeta e da cordilheira com os seus 3.404 metros de altitude. Foi escalado pela primeira vez em 20 de Julho de 1842).
Ao fim de 6 horas a andar na neve enterrados até aos joelhos (de vez em quando desaparecíamos) e as mochilas a pesar toneladas lá chegamos ao refúgio, onde pernoitamos nessa noite.
(MCP: A rota menos difícil para se atingir o Aneto é esta por La Renclusa. Obriga é a mais quilómetros de marcha pois fica a norte do pico).
Quase...
Pelas quatro da manhã pusemos os pés ao caminho (só dois de nós tinham raquetas para caminhar melhor) para apanhar a neve gelada que nos facilita a progressão no terreno.
Passadas 7 horas chegamos aos 2.840 metros de altitude onde fica o maior glaciar dos Pirenéus com 100 hectares de superfície.
(MCP: tal como todos os glaciares do planeta está a desaparecer a olhos vistos devido ao aquecimento global. Há 100 anos tinha o dobro de extensão e pode desaparecer nos próximos 30 a 40 anos).
Diante do glaciar paramos para descansar e comer qualquer coisa e verificar se havia condições para continuar.
Devido à distância que faltava para alcançar o Aneto, às condições do clima que se estava a agravar e, claro ao cansaço do grupo, decidimos voltar para trás.
Mas a montanha continua lá.
(MCP: é aqui que tiram a foto de grupo com a “bandeira” do MC Porto, nada mais nada menos que uma das toalhas da máquina de café da nossa sede...).
Pode ser que na próxima conseguimos alcançar o Aneto.
(MCP: claro que podem. Se forem no Verão sobem com uma perna às costas, já que espírito de sacrifício, como se pode ver, não vos falta! Parabéns!).
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