Curso de Condução para Trails ensinou a sério
27-04-2010
11 sócios superaram-se em Alter do Chão
A forte camaradagem e sede de conhecimento dos onze sócios do MC Porto que usufruiram do Curso de Condução TT ministrado pelo MotoXplorers no Alentejo, no passado fim-de-semana de 24 e 25 de Abril, proporcionou o sucesso deste evento tão especial. Bons professores e bons alunos geram sempre 100% nas pautas.
Sem mais delongas... a palavra aos sócios:
“Sai da frente pinheiro, que eu mato-te!!”
Por Joaquim TTransAlves
E foi em grande espíriTTo de liberdade, e por terras da reforma agrária, que se viveu este fim-de-semana, do 25 de Abril de 2010.
Onze sócios do Moto Clube do Porto, e quatro acompanhantes femininas, deslocaram-se às planícies de Alter do Chão para aprenderem as melhores técnicas de condução em fora-de-estrada em motos Trail, num curso organizado pelo MotoXplores.
Para a maioria, a deslocação para a herdade do Monte Redondo foi feita ainda na sexta-feira, tendo-se realizado uma paragem à saída de Abrantes para um belo e animado repasto. Chegados ao local já perto da meia-noite, e tratadas as normais formalidades hoteleiras, rapidamente fomos descansar, uma vez que o dia seguinte previa-se fisicamente “puxadote”…
Começamos a formação de condução sentados, não nas motos…, mas em belos cadeirões antigos, de pele, onde nos foi feita a apresentação genérica do curso, dos formadores e das primeiras técnicas e aspectos relevantes à condução fora-de-estrada. Por exemplo, foi-nos explicado que o curso pretendia transmitir as melhores técnicas para uma condução equilibrada e relaxada e não no sentido de competição “à la” Hélder Rodrigues.
Mas não era estando encerrados numa sala que iríamos aprender a conduzir melhor! Junto às motos, começamos por realizar os necessários ajustes à pressão dos pneus, à inclinação dos guiadores, e outras adaptações à montada, necessárias para a condução em fora-de-estrada, tão diferente da condução em estrada.
A saída para a pista “relvada” fez-se com todos já cheios de vontade de aprender as apregoadas técnicas de equilíbrio para não deixar tombar as nossas big Trail, nos piores estradões dessas serras e vales…
Como? Não deixar cair? Claro que ela vai cair. Mais tarde ou mais cedo, vai cair. É garantido!!
Assim, a primeira coisa que há a fazer é aprender a levantá-la!
Que linda visão que ocorreu naqueles 5 min: uma verdadeira “plantação” de big Trails, todas deitadas num pasto alentejano. ;-)
E foi precisamente aqui que tive o único problema “mecânico” do fim-de-semana: a Transalp, que já tinha tombado umas dezenas de vezes sem estragar nada (já estava habituada aos maus tratos, portanto!) não gostou de ser “pousada com miminho” e… lá ficou com um espelho estalado. Ele há coisas!...
E há que fazer “figuras”, num treino mais apropriado para concorrer ao “Carrossel da GNR”.
Só com uma mão. Só com uma perna. Agora com o pé esquerdo no estribo direito…
Isto, sempre às voltinhas em torno da oval campina.
E a posição de “pega de touro”, com o peso todo em cima da perna de “fora”? E não é que resulta mesmo? Aquelas curvas apertadas que até então me pareciam impossíveis, em velocidade super-reduzida, estavam finalmente ao meu alcance. E não só a mim. A todos, mesmo aos menos “cromos”, como passamos a ser tratados. ;-)
O almoço saiu já tarde, pois ainda fomos dar uma voltinha à herdade, mas saiu em bom. Muita “pasta” para a energia voltar aos níveis normais e necessários de funcionamenTTo, e lá voltamos nós aos treinos.
Travar, e travar a fundo, foi uma das técnicas treinadas já da parte da tarde de sábado. Em ambiente controlado, aqueles “riscos” na terra iam crescendo à medida que se ganhava confiança.
Só com a roda de trás (aquela que não serve para parar mas apenas para controlar) e com mais pressão à direita, e depois à esquerda, para atravessar para um lado, ou para o outro. Julgava eu que sabia travar em terra, mas aprendi agora a travar de forma mais controlada.
Agora quando cair já vou cair a maior velocidade, pois já sei travar melhor e o limite do “Ai fod#-%&!!” (os termos que nós aprendemos!-) já está bem mais avançado!!
No final do dia, já com o sol a pôr-se ao fundo da planície, fomos fazer um percurso fantástico. O Alentejo está verde e florido. Lindo e perfumado!
Fazer alguns single-tracks entre flores amarelas, azuis e brancas é uma das imagens que mais me ficou na retina.
Usando muitas das técnicas que aprendemos durante o dia foi uma verdadeira curtição. É que a técnica, quando aplicada devidamente, vale de muito!
Cansados, mas muito satisfeitos, chegamos ao final do dia!
Depois do jantar ainda houve tempo para uns jogos de cartas, para uns, de bilhar para outros (dominado por um certo “cromo da bola e do taco”, moi même! :-)) e para a visualização, a muuiiitoo baaaiixaa velocidade ;-), de alguns filmezinhos realizados durante o dia de treinos.
“Xix’i cama”, que amanhã há mais…
Completamente formados e equipados a rigor, lá estávamos nós prontos a arrancar à hora marcada.
Deste último dia destaco o treino de inversão de marcha em subida íngreme, sem esforço. E repito, sem esforço, pois foi disso mesmo que se tratou. É que deixou de ser uma coisa verdadeiramente assustadora (porque o era, para mim, até então!) para uma coisa relativamente simples.
Destaco também a subida íngreme (íngreme mesmo!) em inércia. Chegar ao topo e parar para permitir visualizar os obstáculos à frente, que antes estavam escondidos.
Enfim, um fim-de-semana de muito saber adquirido, que valeu muito a pena!
No final, e resumindo, para todos os que lá estiveram fica a grande máxima:
“Olhar para a frente e dar gás!”
E não é que resulta?
Parabéns aos quatro formadores da MotoXplores, e em particular ao Carlos Martins pela excelente “finesse” com que nos formou durante o fim-de-semana. Além de um grande, enorme, domínio da máquina (uma BMW HP2), demonstrou ainda uma grande capacidade de transmissão da mensagem, nem sempre fácil neste domínio.
E de lá saímos nós, com um diploma de “excelente desempenho” conseguido!
Estão também assim de parabéns todos os participantes do curso, em particular os dois elementos femininos, a Fina e a Catarina, pelo grande empenho e vontade demonstrada.
Voltamos cheios de vontade de experimentar as novas técnicas já no próximo passeio para Trails do MCP.
E não é que é já aí ao virar do mês, no dia 9 de Maio!!!
Bora lá?
Fotos do TTransAlves e Mitó já disponíveis.
E agora o relato da "Crominha menor", que foi quem mais coragem teve de aplicar para fazer o curso, mas que o fez com distinção
“Uma arena com 11 artistas de circo!”
Por Delfina Brochado
Quando foi apresentado o programa de Actividades do Moto Clube para 2010, o evento que me chamou mais a atenção foi precisamente este: “Curso de condução para Trails no Alto Alentejo”. E os olhos não saiam daquele quadradinho (a importância do olhar, como vamos ver mais a seguir). O Sérgio apresentou o tema na Assembleia e não tive mais dúvidas. Este evento não posso falhar. Tratei logo de reservar a inscrição, para mim e para a Catarina, mesmo sem o conhecimento dela.
Muita gente que me conhece deve estar a perguntar o porquê de tanto interesse e entusiasmo numa actividade na qual não sou propriamente uma aficcionada - realmente não nutro uma grande simpatia pela terra, muito pelo contrário. Foi sempre uma coisa que me provocou muito desconforto e no início uma grande repulsa.
No entanto, adoro andar de moto na sua vertente mototurística. E o mototurismo nem sempre anda por caminhos e estradas por onde passaram a vassoura, o aspirador e o ferro de alisar. Muitas vezes, os locais mais bonitos, as paisagens mais fabulosas, o silêncio que procuramos estão precisamente no fim de um troço de terra mal amanhado ou durante o estradão com buracos, gravilha, areia e outros quejandos. E se lá queremos chegar convém saber como.
Mesmo as estradas “normais” oferecem muitas vezes surpresas com que não contamos e até descer a uma berma desnivelada com areia pode ser uma escapatória para nos podermos desviar em segurança de um obstáculo que surja, ou simplesmente se temos que parar e não queremos ficar no meio da estrada a atrapalhar o trânsito.
Estou perfeitamente convencida que a terra faz parte do mototurismo e do acto de andar de moto. Como tal, e seguindo o velho ditado, se não “podes vencer os teus inimigos, junta-te a eles”.
Posto isto, e como a minha moto é uma trail, resolvi que era uma boa oportunidade para aprender a ultrapassar certas dificuldades ou até a vencer alguns medos.
As minhas incursões em terra até ao momento resumem-se a pequenos troços nos moto-ralis turísticos, outros tantos nos Lés-a-Lés e um passeio para trails na serra de Valongo com a malta “habitué” cá da casa.
Percursos que fui ultrapassando com mais ou menos dificuldade, mas sempre na base do desenrascanso, muitas vezes com alguma insegurança, alguma tensão à mistura, precisamente por estar consciente de que há certas coisas que não sei como fazer e a pensar “eu não curto nada isto, tirem-me daqui, quando é que isto acaba…”
E na verdade, conduzir com este espírito, não é boa onda. Não se vê a paisagem, fica-se cansado e mal disposto.
A data do curso começou a aproximar-se. Visitei frequentemente a página dos MotoXplorers. Cada vez me convencia mais que me ia fazer bem. Os últimos tempos andei excitada com a ideia, não falava de outra coisa. Melguei toda a gente, mesmo o comum dos mortais que não anda de moto – “eu vou fazer um curso de trails!” E algumas caras de espanto… “Qué isso?” e cheia de orgulho lá ia explicando.
Na véspera da partida para o Alentejo comecei a ficar com o estômago apertadinho e a pensar se seria boa ideia. Um nervosinho miudinho começou a tomar conta de mim. Ai ai, não há-de ser nada.
A Catarina apareceu cedo, visivelmente nervosa. Há um ano que não pegava na moto por motivos de saúde, e eu estava sem pressa de arrancar, ainda nem tinha feito a mala… estava-me a custar sair, ehehhe.
Estávamos as duas com um misto de excitação e medo. Ela ainda se atreveu a dizer “se não quiseres ir, não vamos”. Claro que vamos!
E lá seguimos por aí abaixo num percurso sem história.
E depois desta “pequenita” introdução vamos ao que interessa.
Chegamos ao desvio para a herdade… estradão em terra, claro! E o raio da herdade nunca mais se vislumbrava no horizonte, mas é melhor começar-me a habituar à ideia que durante dia e meio a 650 não vai pisar asfalto.
A maioria das pessoas do grupo foi chegando até à noite de sexta-feira.
E que grupo! Na sua generalidade, tudo gente habituada a estas andanças: os organizadores de passeios trail do clube, e o seu fiel séquito de seguidores – uns com mais experiência, outros com menos. Mas no geral, malta a quem não falta kit de unhas. E nós ali, “pequenininhas”. Ainda por cima nem levei o estojo para arranjar as ditas cujas…
Na verdade, pensei cá com o meu capacete florido “estarei aqui um bocadito fora de contexto? Será que esta malta vai ter que gramar a minha inexperiência?” O curso é dado em conjunto e o meu receio era mesmo atrapalhar o grupo. E depois há sempre aquele pensamento que não nos larga: “não quero fazer figuras tristes, vou levar baile. E se caio, vão-se rir. Vão-me chamar totó…”
Mas são só pensamentos meus, porque não senti da parte de ninguém qualquer tipo de superioridade. Muito pelo contrário. Comecei a aperceber-me que estávamos todos ali para aprender, não para competir ou para ver quem tem a melhor nota. E afinal havia mais gente com receios e mais gente ansiosa pelo dia seguinte.
E o dia seguinte chegou finalmente!
Breve reunião de apresentação dos instrutores e dos instruendos, sumário da aula, algumas explicações teóricas do que vamos fazer, eixo de gravidade e vamos mas é lá para fora para a beira das motos. Estômago a apertar. Sol quente. Tirar pressão aos pneus. Tirar borrachas dos pousa-pés. Mudar posição guiador. Explicação da posição de condução - sai um forcado amador – afinal de contas estamos na terra deles. Corpo para frente para dar gás, traseiro lá para trás para cortar, peso do corpo para direita, vira agora para esquerda, levanta o pé do patim. Só dois deditos na embraiagem e outros tantos no travão de mão. Olhar fixo na direcção a seguir, sempre olhar presente, fixar um ponto, logo a seguir o outro e depois o outro. Informação atrás de informação, tentar compilar ao máximo. Nervosinho, organizar tudo dentro da cabeça… montem nas motos. “Por agora sigam atrás de mim até ao campo de treino da maneira que souberem, mas de pé”.
Enfiei o capacete, calcei as luvas, montei na moto, posição de forcado. A posição oficial e obrigatória no próximo dia e meio. E segui, atrás do instrutor, a fixar sempre o ponto para onde queria ir e ao mesmo tempo a tentar não perder de vista as trajectórias dele. Ensaiar o peso do corpo para o lado certo. Primeiro obstáculo, curva 90 graus à esquerda, fez-se. Segundo, viragem à esquerda com elevação de terra ao meio. Vi como ele fez, fiz o mesmo, admiravelmente sem dificuldade. Nova curva à esquerda, mais esquisita, ligeiro desnível, alguma pedra. Perdi-o de vista, desenrasco-me, fixo o ponto onde quero ir. A F650 vai. Mas não consigo encontrar o travão de trás. Ligeira subidita com curvinhas e pedra solta, na boa. Chegamos. Caminho curtinho, que fiz mais ligeira e com mais facilidade do que teria feito se fosse sentada e a olhar para as pedras em vez de olhar para a saída.
Campo de treino. Aparentemente um prado verde com erva fofa. Exercícios práticos. Começar por levantar a moto do chão sem estragar as costas. Duas maneiras, não conseguia com nenhuma delas. Experimentei a GS do Fernando, sem osso. Mas o que eu quero é levantar a minha. Nova tentativa – agora foi. Ponto de equilíbrio da moto, girar à volta dela e segurá-la sem esforço. Lindo!
Mas chega de boa vida. O instrutor dá o exemplo do que vamos fazer: de pé, em andamento, levantar um braço, depois o outro, o mesmo com as pernas, agora as duas do mesmo lado, de joelhos em cima do banco, parecia que estava a treinar para o carrossel da GNR. Eu vou ter que fazer aquilo? Não me parece… e chegou a nossa vez. Monto na moto, começo a andar no prado aparentemente liso mas cheio de sulcos que se cruzam em todas as direcções fruto das muitas motos que já por lá passaram, muita erva e eu ali. No meio dos outros todos, num carrossel acrobático a tentar fazer tudo direitinho ao máximo: posição do corpo, do olhar, dos dedos e experimentar esticar um braço, depois outro (este direito foi difícil – fiz batota, não consegui). Esticar as pernas revelou-se fácil. Quanto ao resto, o máximo que alcancei foi pôr um dos joelhos em cima do banco e por lá ficou, recusando-se determinantemente a passar para o outro lado. Aguentar-me naquele piso sem cair já era obra desenganada. Não sei quantas voltas demos ao terreno, mas foram muitas e a certa altura já não me custava lá andar, a moto seguia, direitinha. E até já dava para deitar um olho aos restantes. Vi a Catarina de pés em cima do banco – ó pra ela!
Merecida pausa dos artistas para refrescar e trincar uma barrita. Mas não por muito tempo que agora é preciso andar em círculos cada vez mais fechados, posicionando o corpo de maneira a que a moto curve e vá sempre para o ponto em que temos o nosso olhar fixo. Comecei a ter muita dificuldade em fechar as curvas, apesar de o olhar e o corpo estarem na posição correcta. Em primeira, a moto anda muito depressa, contrario instintivamente a viragem, é demasiado gás para mim. Moto defeituosa ou condutora manhosa? Vem um instrutor, experimenta a moto, torce o nariz. Vem outro e comprova. Veredicto: ralenti muito acelerado e embraiagem pouco simpática. Isto a juntar ao travão de trás ao qual não consigo chegar. No problem, é a minha moto, cá me entendo com ela. Vou fazendo o meu melhor, vim aqui para me esforçar. Entretanto, o prado parecia uma arena com 11 artistas de circo, a rodopiarem todos para um lado e para o outro. Incrivelmente ninguém chocou com ninguém! Muito domínio. Claro que isto foi tudo ensaiado nos pseudo jardins da Avenida da Liberdade uns dias antes do curso! O mais interessante foi começar a sentir em tão pouco tempo mais confiança e quando seguimos do prado de treino para o circuito seguinte sentia-me leve, a fazer tudo sem esforço: carreiros de erva escorregadia, desníveis no terreno, curvas e contra-curvas com ligeiras subidas e descidas. E a cada volta, mais facilidade até chegar ao ponto de pensar “começo a gostar disto, isto tem muita piada, não custa nada!”.
A manhã passou depressa, venha a tarde. Aquecimento no prado, saída para o mesmo circuito, com ligeiras alterações – sem espinhas! Caravana parada no meio de ervas altas, instrutores a pé, lá ao fundo, que se passa? Vejo a Catarina ao fundo a subir cheia de gás um monte de erva verde, onde é que ela estava? Aiiiiiiiiii que aqui tem coisa! Vai o seguinte, não sei quem é, só vejo um capacete a desaparecer e logo os instrutores a ajudar a levantar a moto. Chega a minha vez: descida curta mas abrupta seguida de curso de água onde só cabe a roda da frente e logo subida abrupta com erva pisada e escorregadia! Primeiro bloqueio psicológico. Fico parada, nem consigo falar. Finalmente o que eu mais temia – as descidas. Mas ainda não chegamos à lição 525 sobre como descer! Não acho isto normal! Não me parece nada bem. Ouço com atenção a melhor maneira de ultrapassar, tenho muita gente atrás de mim à espera. Tem que ser, olhos na água, desce devagar, encaixa a roda no rego e antes que perca o espaço manda-te com gás para subir. Passa tudo em fracções de segundos e faço sem medo, mas pouca velocidade na subida e lá vai ela a escorregar. No problem, uns braços simpáticos amparam a moto.
Obstáculo vencido. Pontinha de contentamento.
Mais ou menos por esta altura começamos a ser apelidados de cromos. “Afinal todos sabem andar fora de estrada. Mas que cromos!” Todos? Eu também? Pensei cá com o meu capacete florido. Eu sou croma! A crominha menor como me passou a apelidar o Sérgio. Estou orgulhosa! Nunca o nome de cromo me caiu tão bem.
De novo no prado, a intenção é passar uns rolos de madeira enfiados na terra e cuja distância entre si equivale à distância das rodas da moto. Muito depressa a moto bate nos rolos, muito devagar e fica-se pendurado em equilíbrio de malabarista de circo durante uma fracção de segundos até malhar redondo no chão. Objectivo, encontrar velocidade certa. A Catarina foi a primeira, foi canja. A seguir eu, o instrutor Carlos Martins manda-me olhar a direito para ele. A quantidade de vezes neste dia que já o olhei nos olhos (e aqui um parêntesis para os instrutores: sorriso sempre presente, não um sorriso forçado mas de boa disposição, facilidade de comunicação e grande poder de persuasão). Retomando… passei demasiado depressa, mas é muito fixe! Mais uma vez, velocidade certa, ainda mais fixe, a moto parece uma cabrita pinchona. Apetece-me ir outra vez, é divertido. Ligeiro deslize e desequilíbrio à saída, mas tudo controlado. “Quem é que manda aqui?!” – gritava o instrutor, ouço palmas.
Escusado será dizer que estava muito entusiasmada.
Vamos passear… e lá fomos. Não me lembro bem do percurso. Tinha um pouco de tudo, incluindo duas travessias de água e alguma lama também. A Catarina finalmente venceu o medo de atravessar rios e eu verifiquei que passar lama não é nada de transcendente: a maneira mais simpática e despreocupada é pôr os pés no chão, seguir o sulco e ir nas nossas calmas. Um pouco de lama até faz bem à pele. Fui indo sempre na boa, sem esforço de maior. Pela primeira vez na minha vida de motociclista meti uma terceira em trilhos de terra. Até que chegou uma subida, ao início nada de especial, ia seguindo na trajectória do instrutor, mais ou menos a meio dou de caras com regos fundos, e de nada me valeu toda a técnica até ali aprendida nem o meu ar de forcada muito amadora. Primeiro grande tombo. Monumental. O Paulo Oliveira vinha atrás e diz que teve pena de não filmar, tinha sido lindo. Ferimentos… só no orgulho. “Mea culpa” diz o instrutor… pois ainda não tinha sido dada a lição 627 sobre como conduzir dentro de um rego. Fácil, fácil: rodas lá dentro e pé no chão, elementar…
Seguiu-se o treino das travagens. Bloquear roda de trás, encontrar o ponto de bloqueio da roda da frente, travar com os dois, etc. Mas as pilhas já estavam a falhar, já só pensava em ir deitar-me debaixo dum chaparro. O exercício foi feito, mas muito a contragosto. Seguia-se mais um passeio pelo Alentejo florido, resolvi não seguir, iria atrasar a caravana de cromos. A Catarina acompanhou-me e fomos pelo caminho mais directo para a herdade (em terra, claro. Não havia outra maneira). Completamente KO e esfomeadas, eram 20 horas.
Chegamos as duas completamente rotas, mas verdadeiramente felizes!
Mas ainda faltava uma manhã de exercício e o dia seguinte brindou-nos cedo com um calor estonteante. E confesso que estava ainda muito em baixo de forma. Aquecimento no prado, voltinhas no circuito. Mas o corpo não deixava, estava contrariado em cima da moto. Decidi abandonar o circuito para me poupar para a aula sobre descidas. Mas entretanto ainda exercitamos a maneira de passar regos e de olhos fechados… não lembra a ninguém. Sei que chutei uma câmara de filmar e se o instrutor não tem reflexos ia também eheheh.
Finalmente as descidas, o meu grande trauma e um dos principais objectivos da vinda a este curso. O objectivo era descer sem tocar nos travões. A primeira correu bem, nada de mais. A segunda, apesar de reconhecer que não era nada de especial, não resisti a travar e a fazê-la sentada. Estava demasiado cansada para me esforçar.
De seguida, parar a progressão da moto na subida e descer em marcha atrás só com a ajuda da embraiagem. É difícil, requer alguma concentração para não ir com a mão ao travão. Valeu-me o Sérgio que me surripiou o dito cujo. E agora, mais interessante, virar a moto para baixo com o mínimo de esforço possível graças ao exercício que tínhamos feito na véspera ao encontrar o ponto de equilíbrio da moto. É realmente pouco cansativo. Mas fazê-lo sozinha…
Está quase a acabar. Falta a cereja no topo do bolo.
Vamos para a pirâmide, só pelo nome…. Sobe de um lado, desce do outro… não sabemos o que está no lado que não se vê. Não pode ser coisa boa. Descida a pique e dar gás para subir um penedo. Só me lembrava do trial, estes gajos passaram-se. Isto não é normal. Primeira vez, fico lá em cima. “Num desço e num desço e pronto!” O instrutor, depois de muito me convencer e explicar como fazer, desceu-me a moto mas com a promessa de tentar de novo, foi a primeira vez que alguém me levou a moto no curso. A minha vontade era desistir, mas já tinha chegado tão longe, só faltava um bocadinho assim… dei a volta e voltei para a fila. Vi a Catarina a passar sem dificuldade, respirei fundo, concentrei-me e aí vai disto. Subi e desci e dei gás para passar o penedo, recebi ordens para continuar depressa, mas os olhos fixaram-se no grande degrau ao meio e parei. Explicaram-me que tinha de passar depressa, mas logo a seguir tinha a descida do penedo, aiaiai. Isto não me pode estar a acontecer. Mas consegui e tremi. Páro por aqui? Vou embora, está um calor de morrer, estou completamente rota. Não, já sei como é. Tenho que fechar com chave de ouro. Mais uma volta, e tem que ser perfeita. E foi!
Acabaram os exercícios. Já só pensava na piscina.
Entrar finalmente no asfalto foi uma sensação estranha e, por incrível que pareça, durante um dia e meio nem sequer me passou pela cabeça que ele existia.
Quero deixar aqui um agradecimento a todo o grupo pelo companheirismo, pela boa disposição e pela seriedade com que encararam este curso. Foi realmente um fim de semana fora de série!
De regresso aos maus caminhos…
Por Catarina Almeida
O entusiasmo da Fina para a frequência do curso de condução off-road da MotoXplorers não me motivou por ai além. Um ano sem pegar na Amarelinha, massa muscular por trabalhar…, mas o meu nome já estava na lista de inscritos… vamos lá….algum dia tinha de voltar a saltar para cima dela. O primeiro salto, surgiu no dia da partida do Osvaldo, para lhe dar um abraço em Penafiel (A4 Porto/Penafiel/Porto) e o segundo salto, resumiu-se a uma gincana, no trânsito da baixa portuense.
E lá fomos, saída depois da hora marcada, algum nervosismo à mistura, e a certeza de que andar de moto é como andar de bicicleta…. Nunca se esquece. Passagem por Coimbra, Espaços Sonoros, para levarmos GoPro HD (tarefa inglória, com os nervos a câmara de filmar acabou por ficar esquecida a repousar no quarto da herdade)… gelado em Abrantes com a sobrinhada querida, Alter do Chão para a compra do piquenique do jantar….e lá vamos nós à procura da Herdade do Monte Redondo.
Pequeno almoço reforçado, briefing em sala com direito a aula teórica e toca a preparar as motos para uma condução correcta no fora de estrada. Retiro os espelhos… já me conheço!!
Partida para a arena… campo de treino inclinado, erva, encruzilhada de rodados de moto na mistura de regos… Rapidamente estou a levantar a moto sem qualquer esforço e logo a seguir, para meu espanto, sentada na moto com o pé esquerdo no estribo direito e a perna direita esticada para o ar…. e repetir o exercício para o outro lado da moto, e tornar a repetir tudo para confirmar que era mesmo eu que estava ali, e mais ainda…. quando dou por ela, estava com os pés em cima do banco, e tudo isto a circular naquele terreno entre regos e erva molhada.
Segue-se um passeio pela herdade para confirmar que afinal sabemos andar por maus caminhos… Resolvo experimentar a caixa de velocidades de pé… há muito que não o fazia… A Amarelinha estava tão nervosa como a dona e resolve ficar em ponto morto no meio dum lamaçal…. Engato a primeira e lá vamos disparadas contra o arame farpado da vedação… ficámos as duas presas… Risada geral e toca de seguir caminho. Água, atravessar um curso de água… já sabia… a única que levantou o braço naquele momento e disse “Tenho medo” … por acaso ali até via o fundo… água limpa, mas, demasiada água… fui das últimas a passar depois de ouvir todas as instruções… e lá fui eu a olhar para a frente…. E depois deste, passei por outros, ainda com algum receio mas confiante do que estava a fazer… sem qualquer problema.
Regressados do almoço, segui atrás do formador, pelo prado verde num caminho da largura do rodado das motos quando me deparo com uma vala de dois metros de profundidade e no fundo água e logo subida para o prado, onde nem se vislumbra o trilho em que temos de entrar…. A moto dele resvala na subida, e mesmo com ajuda, a roda traseira teima em não subir… um buraco enorme na subida…. E eu tenho de passar por ali… vai ser lindo!!! Olhei para trás e a filinha de cromos no meio do pasto verde dava uma foto linda… não tinha máquina e tinha de pensar naquele obstáculo. Desci com os pés no chão e subi cheia de gás a abrir o pasto …. Depois de parar mais à frente vejo a minha companheira de luta na travessia da vala e logo depois a estacionar junto de mim.
… e mais exercícios, e mais técnicas, e a confirmação que o saber fazer é realmente a melhor forma de aprender. O dia estava ganho…. O meu receio superado… já conseguia atravessar riachos e mais riachos…
…e subidas, descidas, equilíbrio, regos, lama, derrapagens, travagens e inversão de moto numa subida íngreme de pedra solta e cheia de regos sem qualquer esforço, e, e muito mais…. E dei comigo no meio dos cromos prós a fazer uma subida íngreme (acreditem, daquelas que assusta, adequada a uma moto de trial), chegar lá cima, parar, ver o que existia no cimo daquela parede, até esse momento era impossível vislumbrar fosse o que fosse, e seguir para a esquerda, descer e pensar…. Não há linfoma que resista a tanta adrenalina saudável!!!.
Um Grande Obrigada todos os Cromos e Crominha por este fim de semana marcante na nova etapa da minha vida e um Agradecimento Especial aos amigos Carlos Martins, Carlos Azevedo, Enrique Diaz e André Espenica por permitirem o meu regresso aos maus caminhos do MCP e do WTC.
11 sócios superaram-se em Alter do Chão
A forte camaradagem e sede de conhecimento dos onze sócios do MC Porto que usufruiram do Curso de Condução TT ministrado pelo MotoXplorers no Alentejo, no passado fim-de-semana de 24 e 25 de Abril, proporcionou o sucesso deste evento tão especial. Bons professores e bons alunos geram sempre 100% nas pautas.
Sem mais delongas... a palavra aos sócios:
“Sai da frente pinheiro, que eu mato-te!!”
Por Joaquim TTransAlves
E foi em grande espíriTTo de liberdade, e por terras da reforma agrária, que se viveu este fim-de-semana, do 25 de Abril de 2010.
Onze sócios do Moto Clube do Porto, e quatro acompanhantes femininas, deslocaram-se às planícies de Alter do Chão para aprenderem as melhores técnicas de condução em fora-de-estrada em motos Trail, num curso organizado pelo MotoXplores.
Para a maioria, a deslocação para a herdade do Monte Redondo foi feita ainda na sexta-feira, tendo-se realizado uma paragem à saída de Abrantes para um belo e animado repasto. Chegados ao local já perto da meia-noite, e tratadas as normais formalidades hoteleiras, rapidamente fomos descansar, uma vez que o dia seguinte previa-se fisicamente “puxadote”…
Começamos a formação de condução sentados, não nas motos…, mas em belos cadeirões antigos, de pele, onde nos foi feita a apresentação genérica do curso, dos formadores e das primeiras técnicas e aspectos relevantes à condução fora-de-estrada. Por exemplo, foi-nos explicado que o curso pretendia transmitir as melhores técnicas para uma condução equilibrada e relaxada e não no sentido de competição “à la” Hélder Rodrigues.
Mas não era estando encerrados numa sala que iríamos aprender a conduzir melhor! Junto às motos, começamos por realizar os necessários ajustes à pressão dos pneus, à inclinação dos guiadores, e outras adaptações à montada, necessárias para a condução em fora-de-estrada, tão diferente da condução em estrada.
A saída para a pista “relvada” fez-se com todos já cheios de vontade de aprender as apregoadas técnicas de equilíbrio para não deixar tombar as nossas big Trail, nos piores estradões dessas serras e vales…
Como? Não deixar cair? Claro que ela vai cair. Mais tarde ou mais cedo, vai cair. É garantido!!
Assim, a primeira coisa que há a fazer é aprender a levantá-la!
Que linda visão que ocorreu naqueles 5 min: uma verdadeira “plantação” de big Trails, todas deitadas num pasto alentejano. ;-)
E foi precisamente aqui que tive o único problema “mecânico” do fim-de-semana: a Transalp, que já tinha tombado umas dezenas de vezes sem estragar nada (já estava habituada aos maus tratos, portanto!) não gostou de ser “pousada com miminho” e… lá ficou com um espelho estalado. Ele há coisas!...
E há que fazer “figuras”, num treino mais apropriado para concorrer ao “Carrossel da GNR”.
Só com uma mão. Só com uma perna. Agora com o pé esquerdo no estribo direito…
Isto, sempre às voltinhas em torno da oval campina.
E a posição de “pega de touro”, com o peso todo em cima da perna de “fora”? E não é que resulta mesmo? Aquelas curvas apertadas que até então me pareciam impossíveis, em velocidade super-reduzida, estavam finalmente ao meu alcance. E não só a mim. A todos, mesmo aos menos “cromos”, como passamos a ser tratados. ;-)
O almoço saiu já tarde, pois ainda fomos dar uma voltinha à herdade, mas saiu em bom. Muita “pasta” para a energia voltar aos níveis normais e necessários de funcionamenTTo, e lá voltamos nós aos treinos.
Travar, e travar a fundo, foi uma das técnicas treinadas já da parte da tarde de sábado. Em ambiente controlado, aqueles “riscos” na terra iam crescendo à medida que se ganhava confiança.
Só com a roda de trás (aquela que não serve para parar mas apenas para controlar) e com mais pressão à direita, e depois à esquerda, para atravessar para um lado, ou para o outro. Julgava eu que sabia travar em terra, mas aprendi agora a travar de forma mais controlada.
Agora quando cair já vou cair a maior velocidade, pois já sei travar melhor e o limite do “Ai fod#-%&!!” (os termos que nós aprendemos!-) já está bem mais avançado!!
No final do dia, já com o sol a pôr-se ao fundo da planície, fomos fazer um percurso fantástico. O Alentejo está verde e florido. Lindo e perfumado!
Fazer alguns single-tracks entre flores amarelas, azuis e brancas é uma das imagens que mais me ficou na retina.
Usando muitas das técnicas que aprendemos durante o dia foi uma verdadeira curtição. É que a técnica, quando aplicada devidamente, vale de muito!
Cansados, mas muito satisfeitos, chegamos ao final do dia!
Depois do jantar ainda houve tempo para uns jogos de cartas, para uns, de bilhar para outros (dominado por um certo “cromo da bola e do taco”, moi même! :-)) e para a visualização, a muuiiitoo baaaiixaa velocidade ;-), de alguns filmezinhos realizados durante o dia de treinos.
“Xix’i cama”, que amanhã há mais…
Completamente formados e equipados a rigor, lá estávamos nós prontos a arrancar à hora marcada.
Deste último dia destaco o treino de inversão de marcha em subida íngreme, sem esforço. E repito, sem esforço, pois foi disso mesmo que se tratou. É que deixou de ser uma coisa verdadeiramente assustadora (porque o era, para mim, até então!) para uma coisa relativamente simples.
Destaco também a subida íngreme (íngreme mesmo!) em inércia. Chegar ao topo e parar para permitir visualizar os obstáculos à frente, que antes estavam escondidos.
Enfim, um fim-de-semana de muito saber adquirido, que valeu muito a pena!
No final, e resumindo, para todos os que lá estiveram fica a grande máxima:
“Olhar para a frente e dar gás!”
E não é que resulta?
Parabéns aos quatro formadores da MotoXplores, e em particular ao Carlos Martins pela excelente “finesse” com que nos formou durante o fim-de-semana. Além de um grande, enorme, domínio da máquina (uma BMW HP2), demonstrou ainda uma grande capacidade de transmissão da mensagem, nem sempre fácil neste domínio.
E de lá saímos nós, com um diploma de “excelente desempenho” conseguido!
Estão também assim de parabéns todos os participantes do curso, em particular os dois elementos femininos, a Fina e a Catarina, pelo grande empenho e vontade demonstrada.
Voltamos cheios de vontade de experimentar as novas técnicas já no próximo passeio para Trails do MCP.
E não é que é já aí ao virar do mês, no dia 9 de Maio!!!
Bora lá?
Fotos do TTransAlves e Mitó já disponíveis.
E agora o relato da "Crominha menor", que foi quem mais coragem teve de aplicar para fazer o curso, mas que o fez com distinção
“Uma arena com 11 artistas de circo!”
Por Delfina Brochado
Quando foi apresentado o programa de Actividades do Moto Clube para 2010, o evento que me chamou mais a atenção foi precisamente este: “Curso de condução para Trails no Alto Alentejo”. E os olhos não saiam daquele quadradinho (a importância do olhar, como vamos ver mais a seguir). O Sérgio apresentou o tema na Assembleia e não tive mais dúvidas. Este evento não posso falhar. Tratei logo de reservar a inscrição, para mim e para a Catarina, mesmo sem o conhecimento dela.
Muita gente que me conhece deve estar a perguntar o porquê de tanto interesse e entusiasmo numa actividade na qual não sou propriamente uma aficcionada - realmente não nutro uma grande simpatia pela terra, muito pelo contrário. Foi sempre uma coisa que me provocou muito desconforto e no início uma grande repulsa.
No entanto, adoro andar de moto na sua vertente mototurística. E o mototurismo nem sempre anda por caminhos e estradas por onde passaram a vassoura, o aspirador e o ferro de alisar. Muitas vezes, os locais mais bonitos, as paisagens mais fabulosas, o silêncio que procuramos estão precisamente no fim de um troço de terra mal amanhado ou durante o estradão com buracos, gravilha, areia e outros quejandos. E se lá queremos chegar convém saber como.
Mesmo as estradas “normais” oferecem muitas vezes surpresas com que não contamos e até descer a uma berma desnivelada com areia pode ser uma escapatória para nos podermos desviar em segurança de um obstáculo que surja, ou simplesmente se temos que parar e não queremos ficar no meio da estrada a atrapalhar o trânsito.
Estou perfeitamente convencida que a terra faz parte do mototurismo e do acto de andar de moto. Como tal, e seguindo o velho ditado, se não “podes vencer os teus inimigos, junta-te a eles”.
Posto isto, e como a minha moto é uma trail, resolvi que era uma boa oportunidade para aprender a ultrapassar certas dificuldades ou até a vencer alguns medos.
As minhas incursões em terra até ao momento resumem-se a pequenos troços nos moto-ralis turísticos, outros tantos nos Lés-a-Lés e um passeio para trails na serra de Valongo com a malta “habitué” cá da casa.
Percursos que fui ultrapassando com mais ou menos dificuldade, mas sempre na base do desenrascanso, muitas vezes com alguma insegurança, alguma tensão à mistura, precisamente por estar consciente de que há certas coisas que não sei como fazer e a pensar “eu não curto nada isto, tirem-me daqui, quando é que isto acaba…”
E na verdade, conduzir com este espírito, não é boa onda. Não se vê a paisagem, fica-se cansado e mal disposto.
A data do curso começou a aproximar-se. Visitei frequentemente a página dos MotoXplorers. Cada vez me convencia mais que me ia fazer bem. Os últimos tempos andei excitada com a ideia, não falava de outra coisa. Melguei toda a gente, mesmo o comum dos mortais que não anda de moto – “eu vou fazer um curso de trails!” E algumas caras de espanto… “Qué isso?” e cheia de orgulho lá ia explicando.
Na véspera da partida para o Alentejo comecei a ficar com o estômago apertadinho e a pensar se seria boa ideia. Um nervosinho miudinho começou a tomar conta de mim. Ai ai, não há-de ser nada.
A Catarina apareceu cedo, visivelmente nervosa. Há um ano que não pegava na moto por motivos de saúde, e eu estava sem pressa de arrancar, ainda nem tinha feito a mala… estava-me a custar sair, ehehhe.
Estávamos as duas com um misto de excitação e medo. Ela ainda se atreveu a dizer “se não quiseres ir, não vamos”. Claro que vamos!
E lá seguimos por aí abaixo num percurso sem história.
E depois desta “pequenita” introdução vamos ao que interessa.
Chegamos ao desvio para a herdade… estradão em terra, claro! E o raio da herdade nunca mais se vislumbrava no horizonte, mas é melhor começar-me a habituar à ideia que durante dia e meio a 650 não vai pisar asfalto.
A maioria das pessoas do grupo foi chegando até à noite de sexta-feira.
E que grupo! Na sua generalidade, tudo gente habituada a estas andanças: os organizadores de passeios trail do clube, e o seu fiel séquito de seguidores – uns com mais experiência, outros com menos. Mas no geral, malta a quem não falta kit de unhas. E nós ali, “pequenininhas”. Ainda por cima nem levei o estojo para arranjar as ditas cujas…
Na verdade, pensei cá com o meu capacete florido “estarei aqui um bocadito fora de contexto? Será que esta malta vai ter que gramar a minha inexperiência?” O curso é dado em conjunto e o meu receio era mesmo atrapalhar o grupo. E depois há sempre aquele pensamento que não nos larga: “não quero fazer figuras tristes, vou levar baile. E se caio, vão-se rir. Vão-me chamar totó…”
Mas são só pensamentos meus, porque não senti da parte de ninguém qualquer tipo de superioridade. Muito pelo contrário. Comecei a aperceber-me que estávamos todos ali para aprender, não para competir ou para ver quem tem a melhor nota. E afinal havia mais gente com receios e mais gente ansiosa pelo dia seguinte.
E o dia seguinte chegou finalmente!
Breve reunião de apresentação dos instrutores e dos instruendos, sumário da aula, algumas explicações teóricas do que vamos fazer, eixo de gravidade e vamos mas é lá para fora para a beira das motos. Estômago a apertar. Sol quente. Tirar pressão aos pneus. Tirar borrachas dos pousa-pés. Mudar posição guiador. Explicação da posição de condução - sai um forcado amador – afinal de contas estamos na terra deles. Corpo para frente para dar gás, traseiro lá para trás para cortar, peso do corpo para direita, vira agora para esquerda, levanta o pé do patim. Só dois deditos na embraiagem e outros tantos no travão de mão. Olhar fixo na direcção a seguir, sempre olhar presente, fixar um ponto, logo a seguir o outro e depois o outro. Informação atrás de informação, tentar compilar ao máximo. Nervosinho, organizar tudo dentro da cabeça… montem nas motos. “Por agora sigam atrás de mim até ao campo de treino da maneira que souberem, mas de pé”.
Enfiei o capacete, calcei as luvas, montei na moto, posição de forcado. A posição oficial e obrigatória no próximo dia e meio. E segui, atrás do instrutor, a fixar sempre o ponto para onde queria ir e ao mesmo tempo a tentar não perder de vista as trajectórias dele. Ensaiar o peso do corpo para o lado certo. Primeiro obstáculo, curva 90 graus à esquerda, fez-se. Segundo, viragem à esquerda com elevação de terra ao meio. Vi como ele fez, fiz o mesmo, admiravelmente sem dificuldade. Nova curva à esquerda, mais esquisita, ligeiro desnível, alguma pedra. Perdi-o de vista, desenrasco-me, fixo o ponto onde quero ir. A F650 vai. Mas não consigo encontrar o travão de trás. Ligeira subidita com curvinhas e pedra solta, na boa. Chegamos. Caminho curtinho, que fiz mais ligeira e com mais facilidade do que teria feito se fosse sentada e a olhar para as pedras em vez de olhar para a saída.
Campo de treino. Aparentemente um prado verde com erva fofa. Exercícios práticos. Começar por levantar a moto do chão sem estragar as costas. Duas maneiras, não conseguia com nenhuma delas. Experimentei a GS do Fernando, sem osso. Mas o que eu quero é levantar a minha. Nova tentativa – agora foi. Ponto de equilíbrio da moto, girar à volta dela e segurá-la sem esforço. Lindo!
Mas chega de boa vida. O instrutor dá o exemplo do que vamos fazer: de pé, em andamento, levantar um braço, depois o outro, o mesmo com as pernas, agora as duas do mesmo lado, de joelhos em cima do banco, parecia que estava a treinar para o carrossel da GNR. Eu vou ter que fazer aquilo? Não me parece… e chegou a nossa vez. Monto na moto, começo a andar no prado aparentemente liso mas cheio de sulcos que se cruzam em todas as direcções fruto das muitas motos que já por lá passaram, muita erva e eu ali. No meio dos outros todos, num carrossel acrobático a tentar fazer tudo direitinho ao máximo: posição do corpo, do olhar, dos dedos e experimentar esticar um braço, depois outro (este direito foi difícil – fiz batota, não consegui). Esticar as pernas revelou-se fácil. Quanto ao resto, o máximo que alcancei foi pôr um dos joelhos em cima do banco e por lá ficou, recusando-se determinantemente a passar para o outro lado. Aguentar-me naquele piso sem cair já era obra desenganada. Não sei quantas voltas demos ao terreno, mas foram muitas e a certa altura já não me custava lá andar, a moto seguia, direitinha. E até já dava para deitar um olho aos restantes. Vi a Catarina de pés em cima do banco – ó pra ela!
Merecida pausa dos artistas para refrescar e trincar uma barrita. Mas não por muito tempo que agora é preciso andar em círculos cada vez mais fechados, posicionando o corpo de maneira a que a moto curve e vá sempre para o ponto em que temos o nosso olhar fixo. Comecei a ter muita dificuldade em fechar as curvas, apesar de o olhar e o corpo estarem na posição correcta. Em primeira, a moto anda muito depressa, contrario instintivamente a viragem, é demasiado gás para mim. Moto defeituosa ou condutora manhosa? Vem um instrutor, experimenta a moto, torce o nariz. Vem outro e comprova. Veredicto: ralenti muito acelerado e embraiagem pouco simpática. Isto a juntar ao travão de trás ao qual não consigo chegar. No problem, é a minha moto, cá me entendo com ela. Vou fazendo o meu melhor, vim aqui para me esforçar. Entretanto, o prado parecia uma arena com 11 artistas de circo, a rodopiarem todos para um lado e para o outro. Incrivelmente ninguém chocou com ninguém! Muito domínio. Claro que isto foi tudo ensaiado nos pseudo jardins da Avenida da Liberdade uns dias antes do curso! O mais interessante foi começar a sentir em tão pouco tempo mais confiança e quando seguimos do prado de treino para o circuito seguinte sentia-me leve, a fazer tudo sem esforço: carreiros de erva escorregadia, desníveis no terreno, curvas e contra-curvas com ligeiras subidas e descidas. E a cada volta, mais facilidade até chegar ao ponto de pensar “começo a gostar disto, isto tem muita piada, não custa nada!”.
A manhã passou depressa, venha a tarde. Aquecimento no prado, saída para o mesmo circuito, com ligeiras alterações – sem espinhas! Caravana parada no meio de ervas altas, instrutores a pé, lá ao fundo, que se passa? Vejo a Catarina ao fundo a subir cheia de gás um monte de erva verde, onde é que ela estava? Aiiiiiiiiii que aqui tem coisa! Vai o seguinte, não sei quem é, só vejo um capacete a desaparecer e logo os instrutores a ajudar a levantar a moto. Chega a minha vez: descida curta mas abrupta seguida de curso de água onde só cabe a roda da frente e logo subida abrupta com erva pisada e escorregadia! Primeiro bloqueio psicológico. Fico parada, nem consigo falar. Finalmente o que eu mais temia – as descidas. Mas ainda não chegamos à lição 525 sobre como descer! Não acho isto normal! Não me parece nada bem. Ouço com atenção a melhor maneira de ultrapassar, tenho muita gente atrás de mim à espera. Tem que ser, olhos na água, desce devagar, encaixa a roda no rego e antes que perca o espaço manda-te com gás para subir. Passa tudo em fracções de segundos e faço sem medo, mas pouca velocidade na subida e lá vai ela a escorregar. No problem, uns braços simpáticos amparam a moto.
Obstáculo vencido. Pontinha de contentamento.
Mais ou menos por esta altura começamos a ser apelidados de cromos. “Afinal todos sabem andar fora de estrada. Mas que cromos!” Todos? Eu também? Pensei cá com o meu capacete florido. Eu sou croma! A crominha menor como me passou a apelidar o Sérgio. Estou orgulhosa! Nunca o nome de cromo me caiu tão bem.
De novo no prado, a intenção é passar uns rolos de madeira enfiados na terra e cuja distância entre si equivale à distância das rodas da moto. Muito depressa a moto bate nos rolos, muito devagar e fica-se pendurado em equilíbrio de malabarista de circo durante uma fracção de segundos até malhar redondo no chão. Objectivo, encontrar velocidade certa. A Catarina foi a primeira, foi canja. A seguir eu, o instrutor Carlos Martins manda-me olhar a direito para ele. A quantidade de vezes neste dia que já o olhei nos olhos (e aqui um parêntesis para os instrutores: sorriso sempre presente, não um sorriso forçado mas de boa disposição, facilidade de comunicação e grande poder de persuasão). Retomando… passei demasiado depressa, mas é muito fixe! Mais uma vez, velocidade certa, ainda mais fixe, a moto parece uma cabrita pinchona. Apetece-me ir outra vez, é divertido. Ligeiro deslize e desequilíbrio à saída, mas tudo controlado. “Quem é que manda aqui?!” – gritava o instrutor, ouço palmas.
Escusado será dizer que estava muito entusiasmada.
Vamos passear… e lá fomos. Não me lembro bem do percurso. Tinha um pouco de tudo, incluindo duas travessias de água e alguma lama também. A Catarina finalmente venceu o medo de atravessar rios e eu verifiquei que passar lama não é nada de transcendente: a maneira mais simpática e despreocupada é pôr os pés no chão, seguir o sulco e ir nas nossas calmas. Um pouco de lama até faz bem à pele. Fui indo sempre na boa, sem esforço de maior. Pela primeira vez na minha vida de motociclista meti uma terceira em trilhos de terra. Até que chegou uma subida, ao início nada de especial, ia seguindo na trajectória do instrutor, mais ou menos a meio dou de caras com regos fundos, e de nada me valeu toda a técnica até ali aprendida nem o meu ar de forcada muito amadora. Primeiro grande tombo. Monumental. O Paulo Oliveira vinha atrás e diz que teve pena de não filmar, tinha sido lindo. Ferimentos… só no orgulho. “Mea culpa” diz o instrutor… pois ainda não tinha sido dada a lição 627 sobre como conduzir dentro de um rego. Fácil, fácil: rodas lá dentro e pé no chão, elementar…
Seguiu-se o treino das travagens. Bloquear roda de trás, encontrar o ponto de bloqueio da roda da frente, travar com os dois, etc. Mas as pilhas já estavam a falhar, já só pensava em ir deitar-me debaixo dum chaparro. O exercício foi feito, mas muito a contragosto. Seguia-se mais um passeio pelo Alentejo florido, resolvi não seguir, iria atrasar a caravana de cromos. A Catarina acompanhou-me e fomos pelo caminho mais directo para a herdade (em terra, claro. Não havia outra maneira). Completamente KO e esfomeadas, eram 20 horas.
Chegamos as duas completamente rotas, mas verdadeiramente felizes!
Mas ainda faltava uma manhã de exercício e o dia seguinte brindou-nos cedo com um calor estonteante. E confesso que estava ainda muito em baixo de forma. Aquecimento no prado, voltinhas no circuito. Mas o corpo não deixava, estava contrariado em cima da moto. Decidi abandonar o circuito para me poupar para a aula sobre descidas. Mas entretanto ainda exercitamos a maneira de passar regos e de olhos fechados… não lembra a ninguém. Sei que chutei uma câmara de filmar e se o instrutor não tem reflexos ia também eheheh.
Finalmente as descidas, o meu grande trauma e um dos principais objectivos da vinda a este curso. O objectivo era descer sem tocar nos travões. A primeira correu bem, nada de mais. A segunda, apesar de reconhecer que não era nada de especial, não resisti a travar e a fazê-la sentada. Estava demasiado cansada para me esforçar.
De seguida, parar a progressão da moto na subida e descer em marcha atrás só com a ajuda da embraiagem. É difícil, requer alguma concentração para não ir com a mão ao travão. Valeu-me o Sérgio que me surripiou o dito cujo. E agora, mais interessante, virar a moto para baixo com o mínimo de esforço possível graças ao exercício que tínhamos feito na véspera ao encontrar o ponto de equilíbrio da moto. É realmente pouco cansativo. Mas fazê-lo sozinha…
Está quase a acabar. Falta a cereja no topo do bolo.
Vamos para a pirâmide, só pelo nome…. Sobe de um lado, desce do outro… não sabemos o que está no lado que não se vê. Não pode ser coisa boa. Descida a pique e dar gás para subir um penedo. Só me lembrava do trial, estes gajos passaram-se. Isto não é normal. Primeira vez, fico lá em cima. “Num desço e num desço e pronto!” O instrutor, depois de muito me convencer e explicar como fazer, desceu-me a moto mas com a promessa de tentar de novo, foi a primeira vez que alguém me levou a moto no curso. A minha vontade era desistir, mas já tinha chegado tão longe, só faltava um bocadinho assim… dei a volta e voltei para a fila. Vi a Catarina a passar sem dificuldade, respirei fundo, concentrei-me e aí vai disto. Subi e desci e dei gás para passar o penedo, recebi ordens para continuar depressa, mas os olhos fixaram-se no grande degrau ao meio e parei. Explicaram-me que tinha de passar depressa, mas logo a seguir tinha a descida do penedo, aiaiai. Isto não me pode estar a acontecer. Mas consegui e tremi. Páro por aqui? Vou embora, está um calor de morrer, estou completamente rota. Não, já sei como é. Tenho que fechar com chave de ouro. Mais uma volta, e tem que ser perfeita. E foi!
Acabaram os exercícios. Já só pensava na piscina.
Entrar finalmente no asfalto foi uma sensação estranha e, por incrível que pareça, durante um dia e meio nem sequer me passou pela cabeça que ele existia.
Quero deixar aqui um agradecimento a todo o grupo pelo companheirismo, pela boa disposição e pela seriedade com que encararam este curso. Foi realmente um fim de semana fora de série!
De regresso aos maus caminhos…
Por Catarina Almeida
O entusiasmo da Fina para a frequência do curso de condução off-road da MotoXplorers não me motivou por ai além. Um ano sem pegar na Amarelinha, massa muscular por trabalhar…, mas o meu nome já estava na lista de inscritos… vamos lá….algum dia tinha de voltar a saltar para cima dela. O primeiro salto, surgiu no dia da partida do Osvaldo, para lhe dar um abraço em Penafiel (A4 Porto/Penafiel/Porto) e o segundo salto, resumiu-se a uma gincana, no trânsito da baixa portuense.
E lá fomos, saída depois da hora marcada, algum nervosismo à mistura, e a certeza de que andar de moto é como andar de bicicleta…. Nunca se esquece. Passagem por Coimbra, Espaços Sonoros, para levarmos GoPro HD (tarefa inglória, com os nervos a câmara de filmar acabou por ficar esquecida a repousar no quarto da herdade)… gelado em Abrantes com a sobrinhada querida, Alter do Chão para a compra do piquenique do jantar….e lá vamos nós à procura da Herdade do Monte Redondo.
Pequeno almoço reforçado, briefing em sala com direito a aula teórica e toca a preparar as motos para uma condução correcta no fora de estrada. Retiro os espelhos… já me conheço!!
Partida para a arena… campo de treino inclinado, erva, encruzilhada de rodados de moto na mistura de regos… Rapidamente estou a levantar a moto sem qualquer esforço e logo a seguir, para meu espanto, sentada na moto com o pé esquerdo no estribo direito e a perna direita esticada para o ar…. e repetir o exercício para o outro lado da moto, e tornar a repetir tudo para confirmar que era mesmo eu que estava ali, e mais ainda…. quando dou por ela, estava com os pés em cima do banco, e tudo isto a circular naquele terreno entre regos e erva molhada.
Segue-se um passeio pela herdade para confirmar que afinal sabemos andar por maus caminhos… Resolvo experimentar a caixa de velocidades de pé… há muito que não o fazia… A Amarelinha estava tão nervosa como a dona e resolve ficar em ponto morto no meio dum lamaçal…. Engato a primeira e lá vamos disparadas contra o arame farpado da vedação… ficámos as duas presas… Risada geral e toca de seguir caminho. Água, atravessar um curso de água… já sabia… a única que levantou o braço naquele momento e disse “Tenho medo” … por acaso ali até via o fundo… água limpa, mas, demasiada água… fui das últimas a passar depois de ouvir todas as instruções… e lá fui eu a olhar para a frente…. E depois deste, passei por outros, ainda com algum receio mas confiante do que estava a fazer… sem qualquer problema.
Regressados do almoço, segui atrás do formador, pelo prado verde num caminho da largura do rodado das motos quando me deparo com uma vala de dois metros de profundidade e no fundo água e logo subida para o prado, onde nem se vislumbra o trilho em que temos de entrar…. A moto dele resvala na subida, e mesmo com ajuda, a roda traseira teima em não subir… um buraco enorme na subida…. E eu tenho de passar por ali… vai ser lindo!!! Olhei para trás e a filinha de cromos no meio do pasto verde dava uma foto linda… não tinha máquina e tinha de pensar naquele obstáculo. Desci com os pés no chão e subi cheia de gás a abrir o pasto …. Depois de parar mais à frente vejo a minha companheira de luta na travessia da vala e logo depois a estacionar junto de mim.
… e mais exercícios, e mais técnicas, e a confirmação que o saber fazer é realmente a melhor forma de aprender. O dia estava ganho…. O meu receio superado… já conseguia atravessar riachos e mais riachos…
…e subidas, descidas, equilíbrio, regos, lama, derrapagens, travagens e inversão de moto numa subida íngreme de pedra solta e cheia de regos sem qualquer esforço, e, e muito mais…. E dei comigo no meio dos cromos prós a fazer uma subida íngreme (acreditem, daquelas que assusta, adequada a uma moto de trial), chegar lá cima, parar, ver o que existia no cimo daquela parede, até esse momento era impossível vislumbrar fosse o que fosse, e seguir para a esquerda, descer e pensar…. Não há linfoma que resista a tanta adrenalina saudável!!!.
Um Grande Obrigada todos os Cromos e Crominha por este fim de semana marcante na nova etapa da minha vida e um Agradecimento Especial aos amigos Carlos Martins, Carlos Azevedo, Enrique Diaz e André Espenica por permitirem o meu regresso aos maus caminhos do MCP e do WTC.
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